A citação abaixo é do livro Que Fazer? do camarada Vladmir I. Lênin. Escrita em 1902, essa obra-prima do socialismo critica o revisionismo bernsteniano. Como todos os escritos do grande debate entre ortodoxos e heterodoxos, a releitura de Que Fazer? sem dúvida contribui para o debate a ser simulado no Pacto de Varsóvia - 1968. Nesse trecho em especial, o pai da Revolução Russa fala do desviacionismo (atenção para a parte em negrito) e o uso da expressão "liberdade de crítica" por parte dos revisionistas.
A liberdade é uma grande palavra, mas foi sob a bandeira da liberdade de industria que foram feitas as piores guerras de pilhagem e é sob a bandeira da liberdade de trabalho que os trabalhadores são espoliados. A expressão “liberdade crítica”, tal como é usada atualmente, encerra a mesma falsidade intrínseca. (...) Caminhamos num pequeno grupo unido por uma estrada escarpada e difícil, segurando-nos fortemente pela mão. Estamos cercados de inimigos por todos os lados, e, quase sempre, é preciso caminhar sob fogo cruzado. Estamos unidos por uma decisão tomada livremente, justamente para lutar contra o inimigo e não cair no pântano ao lado, cujos habitantes nos acusam, desde o inicio, de termos formado um grupo à parte preferindo o caminho da luta ao da conciliação. Então, de repente, alguns dos nossos começam a gritar: “Vamos para o pântano!”. E, quando os repreendemos, dizem: “Como vocês são atrasados! Não têm vergonha de nos negar a liberdade de convidá-los a seguir um caminho melhor?!” Sim, senhores, vocês são livres não apenas para nos convidar, mas para ir aonde bem entenderem, até para o pântano; achamos mesmo que seu verdadeiro lugar é justamente no pântano e estamos dispostos a fazer todo o possível para ajudar vocês a se mudarem para lá. Mas, então, soltem das nossas mãos, não nos agarrem, nem maculem a grande palavra “liberdade”, porque também nós somos “livres” para ir aonde quisermos, livres para lutar não apenas contra o pântano, mas também contra quem se desvia para lá! |