sábado, 12 de setembro de 2009

Brejnev: o homem forte da União Soviética

A trajetória do Secretário-Geral do PCUS é marcada
por um governo autoritário, mas de relativa paz

Leonid I. BrejnevEm 1964, Nikita Khruschiov seria surpreendido quando voltava de suas merecidas férias. Em um movimento político muito bem orquestrado, Leonid Brejnev, Mikhail Suslov e o chefe do KGB, Vladmir Semichastny, derrubaram o então Secretário-Geral do PCUS. O golpe envolveu a substituição de todos os seguranças de Khruschiov por agentes do KGB, o que na prática representou a prisão domiciliar do líder do partido.

Trancado em casa, só restava ao líder bolchevique ouvir as exigências de seu algoz: Leonid I. Brejnev. Diante de seu inevitável substituto, Khruschiov sol- tou ameaças; em vão. No dia seguinte, o Comitê Central o destituia do cargo que ocupou por duas décadas.

Brejnev ficaria no poder até sua morte, em 1982. Nos 18 anos em que foi o homem forte da URSS, centralizou o poder, fortaleceu o serviço secreto e jogou no ostracismo qualquer um que ameaçasse sua hegemonia. O próprio Semichastny não foi poupado, sendo enviado para a Ucrânia em 1967. Seu substituto no KGB foi Yuri Andropov, um fiel stalinista até então conhecido por seu papel fundamental na supressão do levante húngaro de 1956. Quinze anos mais tarde Andropov viria a substituir o próprio Brejnev no comando da URSS, governando o país por um curto período.

Dmitry Volkogonov nos diz que golpe contra Khruschiov talvez tenha sido um dos poucos atos de audácia da carreira de Brejnev, e mesmo assim teria sido dado de maneira hesitante. De forma geral podemos caracterizar o camarada Leonid Ilitch como um agente pelo qual falava o Estado Soviético. Longe de ser um líder que tomava decisões sozinho, o Secretário-Geral da PCUS sempre ouvia o Politburo. Sempre fora um admirador do stalinismo, mas estava mais do que consciênte de que não havia condições políticas - muito menos em suas mãos - para recuperar o legado de Stálin.

No contexto da Guerra Fria, seus primeiros anos ficaram marcados pela intervenção constante sobre os países da esfera de influência soviética. É bom ressaltar que o mesmo que se via a respeito das questões internas se repetia na maneira de Brejnev agir no cenário internacional: o líder do PCUS sempre consultava as altas esferas do poder soviético antes de agir, representando muitas vezes mais os interesses dos "falcões" do Politburo e do KGB do que os seus próprios. O incidente da Tchecoslováquia é um exemplo claro disso.


Fontes:



VOLKOGONOV, Dmitry, Os Sete Chefes do Império Soviético.
KENEZ, Peter, História da União Soviética.
KATAMIDZE, Slava, Loyal Comrades, Ruthless Killers.

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